Marcenaria DIY 2 – Madeiras e Acabamentos

Continuando nossa série de Marcenaria DIY, falaremos sobre os principais tipos de madeira e acabamentos. Vou dar uma noção geral que vai ser fundamental para você tomar a decisão correta na hora de produzir. Vamos lá?

Madeiras

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Existem diversos tipos de “madeiras”. Coloco a palavra entre aspas por que somente podemos realmente de chamar de madeira aquela que é maciça, pura, sem adição de resinas ou aglomerados. São materiais nobres e duráveis, porém as especificações das madeiras variam de acordo com a espécie da árvore.

Além da madeira maciça, os materiais mais utilizados  são o MDF, MDP, Aglomerado e Compensado, que não são madeiras, mas compósitos, fabricados pela industria, com características próprias que iremos ver a seguir:

Compensado

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O compensado é a espécie de madeira fabricada mais antiga que existe (com registros do ano de 1860). É feito com sobreposições de folhas de madeiras prensadas como um sanduíche, em diferentes ângulos, que conferem à chapa maior estabilidade, sendo ideal para a confecção de grandes peças. Com maior resistência à dobras, sua composição também evita que a madeira seja desfeita por furos e parafusos.

Aglomerado

É o material com a qualidade mais inferior, feita com sobra de madeiras e serragens, unidas por ceras e resinas. A sua maior vantagem é o seu preço baixo, por isso é uma madeira indicada para projetos provisórios e/ou com orçamentos muito curtos.

MDF

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O MDF  (medium-density fibreboard) é um compósito de madeira mais recente, com a composição parecida com os compósitos mostrados anteriormente: madeira prensada unida por resinas sintéticas. Porém, na sua fabricação há uma grande diferença: as fibras da madeira são separadas através de uma espécie de cozimento (a madeira é transformada, em uma espécia de polpa grossa, que é depois reforçada com cera e resina para formar a chapa final).

Por possuir qualidades físicas uniformes em todas as direções, o MDF possibilita que o manuseador faça cortes curvos, em todos os sentidos, com precisão e eficiência. Além disso, o material garante uma boa resistência ao uso de parafusos e pregos. O MDF aceita também diversos tipos de revestimentos, tintas e esmaltes, justamente por ter uma uniformidade no seu aspecto.

Como tudo na vida, o MDF possui defeitos: é pesado (devido a sua alta densidade) e é pouco resistente a àgua (o acabamento precisa ser caprichado para driblar esse ponto fraco). Ainda assim, o MDF ainda é o material mais fácil e versátil para trabalhar, possuindo uma enorme quantidade de revestimentos compatíveis.

MDP

O MDP (Medium Density Particleboard), como o próprio nome indica, difere-se do MDF por não se tratar de fibras aglutinadas, mas sim de partículas de madeira. É mais limitado do que o MDF, pois não possui maleabilidade, impossibilitando a formação de curvas.  Outra desvantagem é que possui uma absorção de tintas maior do que o MDF, dificultando a pintura e prejudicando o acabamento. Por ser mais poroso, tem ainda menor resistência à umidade do que o MDF, tendo como principal vantagem o preço mais baixo.

De forma geral, sugiro ao marceneiro amador começar utilizar o MDF e o Compensado para a confecção de seus projetos maiores, deixando a madeira maciça apenas para detalhes ou projetos pequenos. Os demais materiais não recomendo pela alta fragilidade.

Além disso, você terá fácil acesso ao MDF cortado nas mais diversas madeireiras, inclusive chapas já revestidas com o acabamento escolhido, que vocês verão que será uma mão na roda para os carpinteiros de primeira viagem!

Revestimentos

Considerando o uso do MDF, vamos falar dos três principais tipos de revestimentos: O laminado melamínico, a lâmina de madeira natural e o laminado PET. Existem diversos outros tipos de revestimentos, mas por serem menos utilizados, não vou tratar nesse post.

Laminado Melamínico – A famosa Fórmica!

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Esse móvel lindo é todo revestido em Fórmica. A estampa das gavetas é o padrão Ethnic. Imagem do site: http://www.formica.com.br/

Esse é o revestimento mais comum e sua marca mais famosa é a Fórmica. Composta de diversas camada coladas e prensadas, possui alta resistência (resiste a altas temperaturas, impacto, riscos e a maioria dos produtos químicos). É o material com maior variedade de opções, sendo muito fácil de ser encontrado. É vendido em chapas cuja dimensão varia conforme o fabricante e a padronagem, mas a dimensão mais comum é 3,08 m x 1,25 m x 1,3 mm (espessura). Sua maior desvantagem é o manuseio mais difícil. Este laminado quebra com facilidade, corta o operador (acidentes são comuns) e necessita de ferramentas especiais (como a Tupia, riscador, etc) para que o acabamento fique perfeito. Além disso, o custo dele é mais alto do que o próximo revestimento que veremos a seguir.

Laminado PVC ou PET

É o revestimento mais fácil de se aplicar, tem baixíssimo custo e é resistente a impactos. Entretanto, não é resistente a riscos e muito menos à altas temperaturas pois é basicamente uma folha de plástico. É vendido em rolos (por metro) ou em chapas de 1,20 metros x 3 metros. Tem uma gama de cores limitadas e poucos padrões amadeirados.

O laminado PET não vai te dar um acabamento “premium”, porém, pode ser uma excelente alternativa para começar a ter contato com as espécies de laminados, pois com um estilete, cola e refilador você poderá resolver seu projeto!

Lâmina de Madeira

São lâminas finíssimas extraídas (industrialmente) de troncos ou composições de madeira. O acabamento é super lindo (por ser madeira, dá um resultado superior).

É muito mais fácil de se trabalhar na marcenaria do que o laminado melamínico, pois é facilmente cortada com um estilete e até com tesoura (!!!).

Ela possui três desvantagens principais: a primeira é sua fragilidade, para trabalhar esse material você precisa de muita calma e jeitinho. A segunda desvantagem é o preço (que é um pouco salgadinho, variável de acordo com o material da lâmina). Além disso, por ser uma madeira natural, precisa de alguma proteção, como verniz ou selador.

Esmaltes, Vernizes e Stain

Verniz

Utilizado principalmente nas madeiras maciças, no acabamento com verniz o resultado fica mais natural, a madeira conserva seu aspecto original. Alguns vernizes dão garantia de até 6 anos resistência e durabilidade, por esse fator é muito utilizado nas áreas externas.

O verniz produz uma película (é o que chamamos de poro fechado), que pode ser transparente ou em cores naturais como: mogno, ipê ou imbuia. O verniz é indicado para quem prefere manter o acabamento natural da madeira, com efeito mais rústico.

Stain

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Stain da marca Montana. Imagem retirada do site da Leroy Merlin (https://www.leroymerlin.com.br)

O stain, assim como o verniz, confere a madeira um resultado mais natural, mais próximo ao original. A principal diferença entre o verniz e o stain  é que o último não forma uma película (é um impregnante de poros aberto) podendo ser aplicado gradativamente, como estivesse tingindo com uma cera.

A proteção ocorre por impregnação, impedindo que a água entre no material por hidrorrepelência. Eu pessoalmente gosto muito do resultado do stain, pra mim é o que fica mais próximo ao natural, tanto visualmente, como na textura. Também acho mais fácil de aplicar, pois, por não formar película, não fica com aquelas gotas horrorosas que escorrem quando é aplicado incorretamente na madeira.

Esmaltes Sintéticos

Quando você quer adicionar uma cor ao seu material, mas não quer utilizar de revestimentos laminados, a melhor opção é o esmalte sintético.

Pode ser com base de água ou solvente (assim como o verniz). Eu prefiro os esmaltes com base de água, por ser muito mais simples de limpar e de diluir, além de ter um cheiro mais suave.

É importante antes de aplicar o esmalte usar uma base ou seladora, pois a madeira ou compósito absorve o esmalte, deixando a aparência amarelada depois de secar. Nos casos de esmaltes brancos, uma pintura anterior com uma base num tom acinzentado também ajuda a burlar o amarelamento.

Menção Honrosa: Laca ou efeito laqueado

Conhecida popularmente como “Laca”, o efeito laqueado é uma pintura extremamente uniforme feita a base de laca nitrocelulose, tinta automotiva ou P.U. (à base  de poliuretano). Para conferir aquele resultado perfeitinho, normalmente se usa uma pistola de pintura com um compressor. Alguns blogs de artesanato ensinam a fazer a pintura tipo laca com rolinho, até fica bonito, mas não fica nem de longe igual aos vendidos nas lojas de móveis.

Antes da aplicação da tinta, a madeira deverá estar completamente perfeita, ou seja, haja massa, lixa, primer, lixa de novo, etc. Qualquer defeitinho fica super evidente, tanto que é um tipo de acabamento que não indico aos marceneiros amadores (pelo menos no início). A pintura em laca faz muita sujeira, além disso, os tipos mais comuns de tintas utilizadas para conseguir esse efeito são à base de solventes, que possuem um cheiro muito forte. Por isso, a utilização de equipamentos de proteção para fazer essa pintura é fundamental.

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Mesa de Centro com acabamento laqueado. Foto extraída do site: http://www.liderinteriores.com.br/blog/laca-tudo-que-voce-sempre-quis-saber/

Bem, basicamente esses são essas são as pinceladas sobre o tema que eu queria introduzir a vocês. Alerto aos leitores que existem muitos outros tipos de madeiras, acabamentos e tintas, porém esse compilado serve somente para que os futuros marceneiros amadores tenham uma noção dos materiais mais utilizados.

Até o próximo post!

 

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